terça-feira, 29 de dezembro de 2009
Você tem gato? Eu não tenho! e se tivesse? quem abriria a porta?
Quem há-de abrir...
Quem há-de abrir a porta ao gato quando eu morrer?
Sempre que pode foge prá rua, cheira o passeio e volta para trás, mas ao defrontar-se com a porta fechada (pobre do gato!)
Mia com raiva desesperada.
Deixo-o sofrer que o sofrimento tem sua paga, e ele bem sabe.
Quando abro a porta corre para mim como acorre a mulher aos braços do amante.
Pego-lhe ao colo e acaricio-o num gesto lento, vagarosamente, do alto da cabeça até ao fim da cauda.
Ele olha-me e sorri, com os bigodes eróticos, olhos semi-cerrados, em êxtase, ronronando.
Repito a festa,vagarosamente.
Do alto da cabeça até ao fim da cauda.
Ele aperta as maxilas, cerra os olhos, abre as narinas.
E rosna.
Rosna, deliquescente,abraça-me e adormece.
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