sexta-feira, 15 de janeiro de 2010
Inovação
Inovação: fonte inesgotável de vantagens competitivas sustentáveis
“Que você e seus filhos vivam tempos interessantes!”, dizia o provérbio chinês referindo-se a tempos futuros repletos de riscos e incertezas. Atualmente, em uma economia globalizada e hipercompetitva, organizações e executivos precisam se reinventar continuamente, confiando sua própria sobrevivência ao processo de inovação.
A crescente velocidade do processo de inovação representa oportunidade e risco ao mesmo tempo. Quando o italiano Antonio Meucci inventou o telefone em 1889, ainda aguardaria 74 anos até sua invenção atingir 50 milhões de usuários. Uma eternidade diante do prazo de apenas 22 meses para a conquista do mesmo volume de clientes pela inovação sueca Skype, criado em 2002 por Niklas Zennström. De outro modo, o cientista italiano, e Prêmio Nobel de Física, Guglielmo Marconi criou o rádio em 1895 e aguardou 38 anos após sua invenção conquistar os mesmos 50 milhões de clientes, enquanto o criador da Internet em 1991, o britânico Tim Berners-Lee, esperou 4 anos para testemunhar a mesma conquista. Por último, a criação da televisão em 1924 pelo engenheiro russo Vladimir Zworykin demoraria 13 anos para atingir tal marca de vendas, prazo três vezes superior aos 5 anos do aparelho celular.
A observação perspicaz desse “túnel do tempo” leva-nos a refletir sobre quais os fatores críticos de sucesso das organizações na sua busca incessante por vantagens competitivas sustentáveis. Nesse contexto, torna-se irresistível a comparação do tempo de maturação, e, portanto da sustentação de uma inovação, de produtos como rádio e telefone, de um lado, e Skype e Internet, de outro lado. Indubitavelmente, os ciclos de criação, sustentação e deterioração de uma nova vantagem competitiva serão cada vez mais efêmeros, tornando a competição por preços ainda mais acirrada.
A reflexão sobre o papel estratégico da inovação no cotidiano das organizações insere-se numa discussão mais ampla acerca do processo de construção das vantagens competitivas de uma empresa. E existem duas visões muito distintas:
De um lado, a Teoria Baseada em Recursos afirma que as vantagens competitivas sustentáveis estão baseadas na posse de recursos ou no controle de capacidades que sejam valiosos, raros, não-imitáveis e organizados (VRIO). Tais recursos ou capacidades são conquistados pelo pioneirismo, e mantidos por mecanismos de proteção contra cópias de concorrentes. De outro lado, a Teoria das Competências Dinâmicas ressalta que as vantagens competitivas tornam-se sustentáveis à medida que se adequam a uma realidade de negócios que muda constantemente, exigindo novas competências, recursos e conhecimentos.
Segundo o Prof. Dr. Daniel Augusto Motta, CEO da consultoria BMI Brazilian Management Institute, “a inovação deve ser percebida pelas organizações como sua fonte inesgotável de vantagens competitivas sustentáveis, diante de sucessivos vales da morte que ameaçam a própria sobrevivência do negócio.”
Motta define os vales da morte como uma metáfora corporativa que representa o intervalo de tempo entre o declínio da rentabilidade dos negócios centrais e o surgimento de novas fontes de receita de uma organização. A figura abaixo ilustra o conceito dos vales da morte, bem como indica as duas ações corporativas que podem eliminá-los, ou pelo menos minimizá-los, ao longo da trajetória das organizações: qualidade e velocidade da inovação.
O temido vale da morte é a própria antítese do processo de inovação. Sobreviver exige elevada liquidez que sustente a organização no período de seca de caixa. Evitá-lo implica aumento da qualidade dos produtos e serviços, e aumento da velocidade do processo de inovação em busca de novas fontes de receitas que substituam o declínio natural dos negócios atuais.
W. Chan Kim e Renée Mauborgne criaram o conceito de estratégia do oceano azul, para o estudo das inovações de valor que buscam proteger as organizações do vale da morte. Nesse contexto, o processo de inovação deve visar simultaneamente a redução de custos com atributos não valorizados pelos clientes e a oferta de novos benefícios ainda não disponíveis nas concorrentes.
Daniel Motta conclui que “o processo de inovação nas organizações deve ser um compromisso permanente sob pena de desaparecimento no vale da morte. E nesse contexto estratégico, diante da velocidade das cópias e da homogeneidade de produtos e serviços, as pessoas representam a grande oportunidade de construção de vantagens competitivas sustentáveis na arena competitiva. São elas os motores da inovação de produto, de processos e, principalmente, de relacionamento com clientes.”
Fonte: Harward Business Review, edição Dez/2009
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