domingo, 28 de fevereiro de 2010

AUSÊNCIA

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
 
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
 
A ausência é um estar em mim.
 
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.


Carlos Drummond de Andrade
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