terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

O TEMPO, O SONHO, O SONO


O que é mais longo do que um caminho?
 
O que chora no escuro além da fonte?
 
O que vai, não volta e nunca é longe?
 
O que machuca essa boca é o amargo espinho?
 
Por que tem a saudade a cor do plátano?
 
Era vidro. Sabias quando o deste?
 
(Por que flutua assim sem que se quebre?)
 
Era pouco. Sabias quando o tinhas?
 
(Por que flutua assim sem que se acabe?)
 
E as promessas? e os sonhos? e as carícias?
 
Estava escrito nos astros o encontro?
 
Não nos dera o poema um dia apenas?
 
Por que não pode o sonho contra o tempo?
 
Por que não pode o tempo contra o sono?

Elizabeth Hazin - O ARQUEIRO E A LUA, FUNDARPE, 1994 -
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