domingo, 28 de fevereiro de 2010

AUSÊNCIA

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
 
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
 
A ausência é um estar em mim.
 
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.


Carlos Drummond de Andrade
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RECONVEXO


Eu sou a chuva que lança areia do Saara
Sobre os automoveis de Roma
Eu sou a sereia que dança
A destemida tara


Água e folha da Amazônia
Eu sou a sombra da voz
Da matriarca da Roma Negra

Voce nao e pega
 

Voce nao chega a me ver
Meu som te cega
Careta quem é voce ?

Quem nao sentiu o swing do Henri Salvador
 

Quem nao seguiu o Olodum balancando o Pelô
E quem nao riu a risada Andy Warhol
Quem nao, que nao e nem disse que nao ?


Eu sou um preto norte americano forte
Com o brinco de ouro na orelha
Eu sou a flor da primeira musica
A mais velha e mais nova espada e seu corte


Eu sou o cheiro dos livros desesperados
Sou Gita Gogoya, seu olho me olha
Mas nao me pode alcançar
Nao tenho escolha careta, vou descartar


Quem nao rezou a novena de Dona Canô
Quem nao seguiu o mendingo Joaozinho Beija Flor
Quem nao amou a elegancia sutil de Bobô
Quem nao é reconcavo
E nem pode ser reconvexo

Olodum

Composição: Caetano Veloso

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QUANDO EU OLHO PARA....

 
Quando olho para mim não me percebo.
Tenho tanto a mania de sentir
Que me extravio às vezes ao sair
Das próprias sensações que eu recebo.

O ar que respiro, este licor que bebo
Pertencem ao meu modo de existir,
E eu nunca sei como hei-de concluir
As sensações que a meu pesar concebo.

Nem nunca, propriamente, reparei
Se na verdade sinto o que sinto. Eu
Serei tal qual pareço em mim? Serei
Tal qual me julgo verdadeiramente?

Mesmo ante as sensações sou um pouco ateu,
Nem sei bem se sou eu quem em mim sente.
Álvaro de Campos
 
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PEQUENAS COISAS

Porque no orvalho das pequenas coisas
é que o coração encontra a sua manhã
e a sua frescura.

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sábado, 27 de fevereiro de 2010

HOMENAGEM PARA BOB FILHO


Tem gente que tem cheiro de passarinho quando canta.
De sol quando acorda. De flor quando ri.
Ao lado delas, a gente se sente no balanço de uma rede
que dança gostoso numa tarde grande, sem relógio e sem agenda.
Ao lado delas, a gente se sente comendo pipoca na praça.
Lambuzando o queixo de sorvete.
Melando os dedos com algodão doce
da cor mais doce que tem pra escolher.
O tempo é outro. E a vida fica com a cara
que ela tem de verdade, mas que a gente desaprende de ver.

Tem gente que tem cheiro de colo de Deus.
De banho de mar quando a água é quente e o céu é azul.
De sonho ao amanhecer.

Ao lado delas, a gente sabe que os anjos existem
e que alguns são visíveis.
Ao lado delas, a gente se sente chegando em casa
e trocando o salto pelo chinelo. E se pega sonhando a
maior tolice do mundo com o gozo de quem não liga pra isso.
Ao lado delas, pode ser abril, mas parece manhã de Natal,
do tempo em que a gente acordava eencontrava o presente do Papai Noel.
Tem gente que tem cheiro das estrelas que Deus acendeu no céu
e daquelas que conseguimos acender na Terra.

Ao lado delas, a gente não acha que o amor é possível,
a gente tem certeza.
Ao lado delas, a gente se sente visitando um lugar feito de alegria.
Recebendo um buquê de carinhos.
Abraçando um filhote de urso panda.

 
Tocando com os olhos, os olhos da paz.
Ao lado delas, saboreamos a delícia do toque suave
que sua presença sopra no nosso coração.
Tem gente que tem cheiro de cafuné sem pressa,
cheiro da infância que passou, do brinquedo que a gente não largava.

Do acalanto que o silêncio canta.
De passeio no jardim.
Ao lado delas, a gente percebe que a sensualidade é um perfume
que vem de dentro e que a atração que realmente nos move
não passa só pelo corpo. Corre em outras veias. Pulsa em outro lugar.
Ao lado delas, a gente lembra que
no instante em que rimos,
 
Deus está conosco, juntinho ao nosso lado.
E a gente ri grande que nem menino arteiro." 

Pelo seu sucesso na  OAB 2010.

CAMINHOS, QUANTOS CAMINHOS

 


Amor, quantos caminhos até chegar a um beijo,
que solidão errante até tua companhia!
Seguem os trens sozinhos rodando com a chuva.
Em taltal não amanhece ainda a primavera.
Mas tu e eu, amor meu, estamos juntos,
juntos desde a roupa às raízes,
juntos de outono, de água, de quadris,
até ser só tu, só eu juntos.
Pensar que custou tantas pedras que leva o rio,
a desembocadura da água de Boroa,
pensar que separados por trens e nações
tu e eu tínhamos que simplesmente amar-nos
com todos confundidos, com homens e mulheres,
com a terra que implanta e educa cravos.
 

GRANDE LITERALMENTE

 

Para ser grande, sê inteiro:
Nada teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa.
Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda brilha,
Porque alta vive.
 

AH! ESTE SEU OLHAR

 

Tudo nele se revela
É ele, o elo que permite a transposição de nossa epiderme longínqua
É ele o culpado
Se existe inocência, pertence a mim!
Sou a vítima ingênua dessa flecha que me acerta à bala
Minhas estruturas estremecem
Minha voz desaparece
Seu olhar me desborda
Pinta meu contorno e arrepia meus continentes
É ele função de meu lado admirador
A dor de tantos mirares
Que se lançam de volta em minha direção
Vem ao meu lado
Latejando sem nunca me esbarrar
Faz que não me vê e nada faz
Vem como um raio...
e à palmos de minha narina, nervosa e dilatada,
encontra a curva de uma nova esquina
Fugidio novamente...
sai pelas beiradas, observante de visão tangenciada
Que feixe é esse?
vem raiando e nunca se põe nas minhas cercanias!
Que encruzilhada é essa! nunca termina?
Que olhar é esse? indica e confunde as direções!
Quero saber quem lhe ensinou tantos desvios?
Quero aprender a percorrer seu mapa!
Quero desfixar meu olhar! Quero vê-lo farolar as direções que ousam me focalizar
Quero a luminosidade de sua visão me observando, me espreitando e registrando cada
espiada na linha que nos horizontaliza
Num piscar de olhos
quero piscar nossos olhos e poder sentir a suavidade de nossa esgrima de cílios
Quero habitar um novo mundo onde possa enxergar além de seus dois globos de
hemisférios distantes
quero englobar a fina camada de seu silêncio sutil
e assim formar nova retina
que me descobrirá projetada em seu interior.


Autor Desconhecido

MATEMÁTICA DA CERVEJA



Meu amigo me mandou e achei interessante. Faça o teste você também!

Vou dizer sua idade pela MATEMÁTICA DA CERVEJA! Não trapaceie! É rápido!
1) Escolha o número de vezes que você gostaria de tomar cerveja na semana (mais do que 1 menos que 10)

2) Multiplique o número por 2 (apenas para ser ousado)

3) Adicione 5

4) Multiplique por 50 (vou esperar enquanto voce pega uma calculadora)

5) Se voce já tiver feito aniversario esse ano some 1760. Se não tiver feito, some 1759.

6) Agora subtraia os quatro dígitos do ano em que voce nasceu.

Você agora deve ter um número de três dígitos. O primeiro dígito foi o número que você escolheu! E os próximos dois números são SUA IDADE!


 Zuil voustag

CAMÕES... ORA POIS POIS



O vestibular da Universidade da Bahia cobrou dos candidatos a interpretação do seguinte trecho de poema de Camões:  "Amor é fogo que arde sem se ver. é ferida que dói e não se sente, é um contentamento descontente, dor que desatina sem doer ".

Uma vestibulanda de 17 anos deu a sua interpretação: 

"Ah, Camões!
 Se vivesses hoje em dia,  
tomavas uns antipiréticos, 
uns quantos analgésicos e Prozac para a depressão. 
Compravas um computador, 
consultavas a Internet e descobririas
que essas dores que sentias, 
esses calores que te abrasavam, 
essas mudanças de humor repentinas, 
esses desatinos sem nexo, 
não eram feridas de amor,  
mas somente falta de sexo!" 
 
A Vestibulanda ganhou nota DEZ, pela originalidade, pela estruturação dos versos, e das rimas insinuantes. 

Foi a primeira vez que, ao longo de mais de 500 anos, alguém desconfiou que o problema de Camões era apenas falta de mulher.


LUZ

 
Há dias em que perco a voz.
A voz da escrita.
A voz do poema.
Dias em que as letras recusam o rodopiar
dos meus dedos
e se ficam pelo silêncio.
Que importa a voz, quando eu tenho a luz!
 
Autor Desconhecido
Zuil voustag

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

TALVEZ SIRVA PARA VOCÊ - MAS SERVIU PARA EU MUDAR!


Tive tudo
tudo para ser feliz!
Tive tudo o que alguém podia desejar!
Tive (sem saber que havia)
Tanto de meu, tanta luz e tanto céu!
Não soube que tinha, nas coisas mais singelas,
A oportunidade de abraçar, com determinação,
Os instantes com os quais se constrói a felicidade.
 
Tive tudo
tudo para ser feliz!
Todavia, me recolhi em mim
Me escondi da Vida
deixei o Tempo à solta
E hoje... (tarde demais)
estou perdida, gasta,
com Tempo a mais,
E sei que já não é hora
de construir meus castelos
de erguer sonhos inocentes, belos!
Meus cabelos brancos de tanto ser
Minha pele com marcas do Tempo,
meus olhos cansados de ver
e eu cansada de sofrer.
 
Tive tudo
e não soube ser feliz
Não soube ver
ou então não quis!

Autor Desconhecido
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FOTOS DAS PALAVRAS


A M O R   E  C A R I N H O

AH! O TEU SORRISO!

O teu sorriso é um poema,
Uma história de encantar,
Com castelos,
príncipes e
princesas adormecidas
à espera de acordar.
 
Autor Desconhecido

MISTÉRIO.... Mistério


  
O mistério começa do joelho para cima.

O mistério começa do umbigo para baixo

e nunca termina.




Affonso Romano de Sant' Anna

MÁRIO QUINTANA POR MÁRIO QUINTANA


Nasci em Alegrete, em 30 de julho de 1906. Creio que foi a principal coisa que me aconteceu.
E agora pedem-me que fale sobre mim mesmo.
Bem! Eu sempre achei que toda confissão não transfigurada pela arte é indecente.
Minha vida está nos meus poemas, meus poemas são eu mesmo, nunca escrevi uma vírgula que não fosse uma confissão.
Ah! mas o que querem são detalhes, cruezas, fofocas... Aí vai!
Estou com 78 anos, mas sem idade. Idades só há duas: ou se está vivo ou morto.
Neste último caso é idade demais, pois foi-nos prometida a Eternidade.
Nasci no rigor do inverno, temperatura: 1grau; e ainda por cima prematuramente, o que me deixava meio complexado, pois achava que não estava pronto.
Até que um dia descobri que alguém tão completo como Winston Churchill nascera prematuro
- o mesmo tendo acontecido a sir Isaac Newton! Excusez du peu...
Prefiro citar a opinião dos outros sobre mim.
Dizem que sou modesto.
Pelo contrário, sou tão orgulhoso que acho que nunca escrevi algo à minha altura.
Porque poesia é insatisfação, um anseio de auto-superação.
Um poeta satisfeito não satisfaz.
Dizem que sou tímido.
Nada disso! sou é caladão, introspectivo.
Não sei porque sujeitam os introvertidos a tratamentos.
Só por não poderem ser chatos como os outros?
Exatamente por execrar a chatice, a longuidão, é que eu adoro a síntese.
Outro elemento da poesia é a busca da forma (não da fôrma), a dosagem das palavras.
Talvez concorra para esse meu cuidado o fato de ter sido prático de farmácia durante cinco anos. 
Note-se que é o mesmo caso de Carlos Drummond de Andrade,  de Alberto de Oliveira, de Érico Veríssimo  - que bem sabem (ou souberam) o que é a luta amorosa com as palavras.

TEMPO DO TEMPO QUE O TEMPO TEM


"Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias,
a que se deu o nome de ano,
foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança,
fazendo-a funcionar no limite da exaustão.
Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez,
com outro número e outra vontade de acreditar que daqui para diante vai ser diferente".

O MUNDO É GRANDE



O mundo é grande e cabe
nesta janela sobre o mar.
 
O mar é grande e cabe
na cama e no colchão de amar.
 
O amor é grande e cabe
no breve espaço de beijar.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

MÚSICA NO AR


"Respira fundo…
outra vez!

Ouve a música solta no ar.
Sente os sentidos…
todos!
Agarra a brisa que passa.
Fecha os olhos…
Sorri!
Sente, agora!…
Sente! "
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ESPERANÇA


Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se

 
E
 
- Ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
- Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá (É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
- O meu nome é

Es-pe-ran-ça...
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SAUDADE


Saudade dentro do peito
É qual fogo de monturo
Por fora tudo perfeito,
Por dentro fazendo furo.

Há dor que mata a pessoa
Sem dó e sem piedade,
Porém não há dor que doa
Como a dor de uma saudade.

Saudade é um aperreio
Pra quem na vida gozou,
É um grande saco cheio
Daquilo que já passou.

Saudade é canto magoado
No coração de quem sente
É como a voz do passado
Ecoando no presente.

A saudade é jardineira
Que planta em peito qualquer
Quando ela planta cegueira
No coração da mulher,
Fica tal qual a frieira
Quanto mais coça mais quer.

Patativa do Assaré
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AMÁ-LA ou AMAR-TE?


Amar é......
 

O marido, ao chegar em casa, no final da noite, diz à mulher que já estava deitada :
- Querida, eu quero amá-la.
 

A mulher, que estava dormindo, com a voz embolada, responde:
- A mala... ah não sei onde está, não! Use a mochila que está no maleiro do quarto de visitas.
 

- Não é isso querida, hoje vou amar-te.
 

- Por mim, você pode ir a marte à Júpiter, até Saturno vá pra onde você quiser, desde que me deixe dormir em paz...
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FILHOS


...porque somos...
podemos caminhar sobre as águas, como barcos,
sujeitos às intempéries do mar e vento,
ainda que haja alguém ao leme.
Podemos escavar como toupeiras,
cegos ao que nos leva o prosseguir no túnel,
ainda que tal nos conduza, ou não a algum lugar.
Podemos agir como aviões de papel
lançados à brisa por uma criança,
ainda que o capricho do acaso não seja único.

 
Porque somos...
podemos rir do que dói,
não querer saber nem perguntar se vale
ainda que o tempo vá passando.
Podemos sonhar com o perto e próximo.
Almejar o distante e inatingível,
ainda que o norte mude de lugar...
Podemos decidir se sim, não, talvez ou depois.
Investigando na alma os anseios e os desejos,
ainda que façamos diferente do que parecia previsível.

 
Porque somos...
e o poder de mudanças em nós é tal,
que o desafio se torna testar os limites e perguntar,
ainda que as respostas tardem ou nunca cheguem...
Simplesmente
porque somos.
 
Autor Desconhecido
zuil voustag Orgen Zav

DEPOIS DA CHUVA


"E o futuro é aprender a ler aquilo que não está escrito
... pequenos sinais nas nuvens nas estrelas.
Quanta coisa, amor, vimos se perder
E quantas coisas encontramos pra alegrar o coração
... Feche os olhos,
me dê a mão (me abraça)...
Que a chuva logo passa
E sol volta a brilhar..."

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O TEMPO TODO..... O TEMPO PASSA


...
mais que lento: parado

mais que parado: morto

mais que morto: não nascido

mais que isso: inascível

mais ainda: inconcebível

(
o máximo
)

nem sequer sonhável.


O tempo todoo tempo passa.
Arnaldo Antunes
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quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

LIVRO


O livro é aquele brinquedo,
Por incrível que pareça,
Que, entre um mistério e um segredo,
Põe ideias na cabeça.

PENTIMENTO

"À medida que o tempo passa,
a tinta velha em uma tela muitas vezes se torna transparente.
Quando isso acontece, é possível ver,
em alguns quadros, as linhas originais:
através de um vestido de mulher surge uma árvore,
uma criança dá lugar a um cachorro
e um grande barco não está mais em aberto.
Isso se chama Pentimento,
porque o pintor se arrependeu, mudou de idéia.
Tavez se pudesse dizer que a antiga concepção,
substituída por uma imagem ulterior,
é uma forma de ver, e ver de novo, mais tarde."


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ACORDO


"... cheguei a um acordo perfeito com o mundo:
em troca do seu barulho
dou-lhe o meu silêncio..."


Raduan Nassar
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ALMAS - O QUE PROCURAM?

- Que tanto procuras fora de ti?
- Não sei. Procuro.
- Esperas alcançar algo?
- Procuro alcançar tudo, mas nada espero.
- E alcanças?
- Alcanço tudo o que não procuro.
- Então porque procuras?
- Não sei. Procuro.
Zuil Voustag

É AQUI

 

É aqui que venho quando me procuro
O cenário que vejo primeiro é branco
E só depois
Vem a cor
Vem o cheiro
O som

E se transforma em mar, terra, no mundo
Se transforma no caminho que percorro
Em passos que dou
Sem angústia e sem pressa (quase sempre)


zvoz

FOTOS DAS PALAVRAS


D I V I N D A D E